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É o mais velho de 11 irmãos, o único a ter nascido em Lisboa, na Maternidade Alfredo da Costa, em 22 de setembro de 1936. José Alfredo Parreira Holtreman Roquette viveu infância e juventude no Porto, tendo estudado desde a primeira classe no Colégio Brotero, na Foz do Douro (onde hoje funciona a Escola Básica Francisco Torrinha), antes de ingressar, aos 16 anos, na recém-criada Faculdade de Economia do Porto (FEP). Esta vivência valeu-lhe a alcunha de “Guingas”, que os amigos carinhosamente retomam em cada regresso à Invicta. Acabado de sair da FEP, tem uma primeira experiência profissional como sócio de uma empresa constituída com João Flores, que havia trazido o Pão de Açúcar para Portugal, o que deu lugar à entrada no mundo da banca, no universo Espírito Santo, na Avenida…

94/a escolha de Alexandre Lalas RAISINS GAULOIS 2019 França/Vin de France/Tinto/M. Lapierre Mathieu e Camille Lapierre entregam um vinho simplesmente delicioso, daqueles que a gente só consegue parar de beber quando a garrafa acaba. É pura expressão da fruta, com uma acidez deliciosamente nervosa, saboroso e suculento. Viciante e divertido como uma crônica de Luís Fernando Veríssimo – AL Preço: R$ 209 96 / a escolha de Eugênio Oliveira DOMAINE LEFLAIVE PULIGNY MONTRACHET CLAVOILLON 1 CRU 2010 França/Branco/Borgonha/Domaine Leflaive Chardonnay preciso, sem excesso de madeira, mineral, cítrico e nervoso. Pomelo e capim-limão, com final cheio e refinado. Celestial! – EO Preço: sob consulta 94/a escolha de Nuno Pires VIÑA TINTA TINTO PINOT NOIR 2017 Chile/Vale de Casablanca/Tinto/Viña Garage Algarrobo São pouco mais de 2 mil garrafas produzidas deste vinho. A boca e o nariz são dominados por uma imensidão de cerejas ácidas. O…

Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". Portugal estava no topo da minha lista quando retomei as viagens no passado mês. As condições pareciam adequadas. Desde que fui vacinada duas vezes no verão, Portugal alcançou o topo das tabelas de vacinação da Europa, além de ultrapassar os britânicos no uso de máscara com a sua política "vaccine plus" (por oposição à nossa "vaccine just"). Sem nuvens a ensombrar os céus, o otimismo estava no ar e, do ponto de vista do vinho, justificadamente. Em Colares e no Alentejo, descobri projetos recentes que, enraizados na tradição, parecem decididos a sobreviver e a prosperar. Também há sinais de que a última colheita de talentos da Geração Y e da…

Nem sempre com o protagonismo merecido, muito ofuscada pela operação cultural imediatamente anterior - a vindima -, a poda é uma das etapas mais importantes do ciclo da videira. Tem vários objetivos e para ser bem executada carece não apenas de um bom conhecimento teórico como também de largos anos de experiência do podador. Começamos nesta edição pelos objetivos e cuidados e na próxima sobre os tipos de poda. Tida por muitos como uma lenda, a verdade é que poderia encaixar-se na realidade e ser uma explicação fidedigna, de um ponto de vista agrícola. A “invenção da poda” foi atribuída a um burro que, preso a uma cepa, terá começado a roer e a comer algumas varas. Surpresa do agricultor quando no ano seguinte vê a videira com um vigor e…

Quem frequenta as maiores feiras de vinho do mundo anualmente, como ProWein, Vinitaly ou Vinexpo, certamente já deve ter visto um senhor dos seus 80 anos, de imensa simpatia e transbordante carisma, vindo do Brasil e a comunicar muito bem em diversas línguas, sempre dos primeiros a chegar e dos últimos a sair destes eventos muito cansativos e, por vezes, stressantes. Mas para Adolar Hermann, trabalho é hobby, e o vinho a sua maior paixão. A definição do ‘workaholic’ à qual foi subtraída qualquer conotação de ganância e restou apenas a esfera de prazer extremo em dedicar-se de corpo e alma ao que ama. Quando se aposentou, perto dos 60 anos de idade, como diretor de uma das maiores empresas têxteis da América do Sul, resolveu investir numa loja de vinhos…

‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge. Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula. Como muitos profissionais do vinho, estou constantemente a tentar familiarizar-me com a Brettanomyces. Não é fácil. Esta é a levedura de alteração, ou deterioração, que mais comumente afeta o vinho tinto, conferindo aromas animais, de esterco, fenólicos (pense em pensos rápidos) e couro velho. Depois de aprender a reconhecê-la, é surpreendente-mente comum e é um daqueles defeitos do vinho que, até certo ponto, depende do contexto. Para alguns produtores é fácil. Se eles têm a certeza da sua presença – ou mesmo que suspeitem – rejeitam o vinho imediatamente. Partilho, até certo ponto, desta visão, no…

‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge. Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula. Recordo-me, no início dos anos 1990, quando comecei a interessar-me por vinhos, que Inglaterra, apesar de ter vinha, era tida uma ‘curiosidade’. A indústria vitinícola inglesa era uma indústria caseira, liderada principalmente por amadores. O problema era o clima, um pouco frio demais para granjear uvas com sucesso em escala comercial. Mas tal é o apelo do vinho que as pessoas experimentavam. Eu próprio plantei algumas vinhas no meu quintal e num terreno que arrendei por algum tempo. Não sabia muito sobre viticultura e os resultados foram decididamente irregulares, mesmo num jardim abrigado do sul…

Vinha da Micaela 2018 está vestido a preceito, de tal forma que se o virmos numa prateleira circundado por garrafas das décadas de 60 e 70 talvez passemos por ele sem dar conta de ser de um ano tão recente. Catarina Vieira e Pedro Ribeiro pesquisaram e quase desesperaram para encontrar uma garrafa à moda antiga – em leveza, formato e cor (vidro esverdeado). Do modelo de garrafa ao rótulo, a roupagem teria que corresponder ao perfil do vinho, isto é, remeter-nos para um Alentejo de outrora, o da simplicidade estrutural que os dias atuais voltam a aplaudir. A procura e a paciência alcançaram bom porto. Vinha da Micaela 2018 está vestido a preceito, de tal forma que se o virmos numa prateleira circundado por garrafas das décadas de 60 e 70…

VOA COM SELEÇÃO DA REVISTA DE VINHOS E GULA A atual carta de vinhos a bordo dos voos da TAP tem nariz e dedo dos provadores da Revista de Vinhos e da congénere brasileira Gula. É a mais recente etapa no âmbito da parceria acordada entre a publicação e a transportadora área portuguesas, inicialmente estabelecida em 2020. “Era para nós importante apoiarmo-nos na força que a Revista de Vinhos tem nas várias plataformas de comunicação – televisão, rádio, digital e imprensa escrita – e com a Gula traz-nos a ponte com o Brasil, o nosso principal mercado”, começa por sublinhar Joel Fragata, Head of In-Flight & On-Ground Product da TAP. O projeto, que se designa por TAP Wine Experience, é abrangente e também inclui outras ferramentas. “Desenhamos uma série de conteúdos para serem exibidos…

Portugueses que se destacam no vinho e na gastronomia e que o fazem fora de Portugal. LONDRES, INGLATERRA Como descreve a sua infância em Portugal? Ainda em Chaves, correto? Passei a minha infância até aos cinco anos na pequena aldeia transmontana de Tronco, a 18 quilómetros de Chaves, onde ainda tenho família. Cresci rodeado de produção agrícola desde a criação de gado ao cultivo da vinha. Os meus avós faziam vinho para o consumo da família e ainda vendiam uvas para as adegas cooperativas da região. Mais tarde, com o falecimento do meu pai, mudamo-nos para a Gafanha da Nazaré. Mas a visita à aldeia de Tronco era recorrente. O meu amor-ódio com o Douro começa aí. Aquelas estradas com curvas e contra curvas que tantas vezes me fizeram enjoar. Alguma memória particular da…

Vou falar sobre vinho e jazz. Antes terei que explicar umas coisas, que podem parecer meio aborrecidas. Não são, prometo ser breve e leve. Vocês já ouviram falar em calicatas? Sabem o que são? Uma calicata é um recorte terra adentro no solo dos vinhedos, para conhecer o perfil geológico daquele lugar. Já visitei algumas tão fundas que tinham escadinha e eram mais altas que eu. Lá dentro se vê cada camada, por exemplo: calcário, areia, argila e as raízes da videira descendo atrás de água e nutrientes. Na ViñaTarapacá, no Chile, cujos Cabernet Sauvignon estão entre meus favoritos, com o enólogo Sebastián Ruiz, visitamos quatro, e ele levou amostras dos vinhos feitos em cada pedaço pesquisado (e furaram quase uma centena de calicatas num só vinhedo!). Foi pedagógico, um vinho era mais…

Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". Embora as restrições de viagem tenham terminado em grande parte, as provas virtuais parecem destinadas a continuar. O fator conveniência (especialmente com opções de reprodução) significa que estas podem gerar um público mais amplo, reduzindo a pegada de carbono. O custo de despachar amostras é insignificante em comparação com as despesas de aluguer de um espaço para eventos, copos e cuspideiras, isto sem referir as equipas. Ganhei novo respeito pelos produtores, por terem lutado com muitas embalagens embrulhadas com excesso de zelo e um ciclo aparentemente interminável de lavagem de copos e eliminação ou arrumação de garrafas durante a pandemia. O chamado 'shovel of shame' (ou seja, colocar garrafa após…

Quando abriu, em maio de 2019, o Vila Foz Hotel & Spa foi alvo dos habituais artigos de imprensa da praxe que surgem após uma inauguração. Entre os predicados apontados ao lugar, o restaurante dirigido pelo chefe Arnaldo Azevedo esteve sempre entre os destaques. Porém, após o período inicial, com uma ou outra exceção, o restaurante foi pouco badalado – a que não ajudou, alguns meses depois, as restrições impostas pela pandemia. Todavia, sem grandes alaridos, Arnaldo Azevedo há muito que vinha dando provas. Nascido e crescido entre tachos e panelas, no restaurante do seu pai, em Ermesinde, Arnaldo já tratava a faca e os ingredientes por tu quando entrou com 19 anos na escola de hotelaria de Santa Maria da Feira. Depois, a experiência adquirida no Algarve, primeiro em vários restaurantes…

92 / a escolha de Alexandre Lalas QUINTA DO SÍBIO ARINTO 2018 Portugal/Douro/Branco/Real Companhia Velha Branco nervoso, cheio de vibração e tensão. Uma bela expressão da arinto no Douro. Tem limão, lima da pérsia, maçã verde. É agudo, profundo, vivo. Uma delícia de vinho – AL Preço: R$ 189 88 KOYLE COSTA CUARZO SAUVIGNON BLANC 2020 Chile/Vale do Colchagua/Branco/Koyle Leve salinidade, como uma brisa do mar no fim de tarde. Um zing de limão, acidez integrada - o que às vezes foge na Sauvignon Blanc - e pouquíssimo herbáceo. Mais limpo e preciso do que exuberante – IB Preço: R$ 105 88 CHARDONNAY “DE CHARDONNAYS” PIZZATO 2018 Brasil/Vale dos Vinhedos/Branco/Pizzato Com fruta cítrica fresca (lima, limão), bem mineral e boa acidez, esse vinho tem corpo leve e é fresco, direto e descomplicado. Entrega o que dele se espera, sem elucubração intelectual e conversa…

O hotel do Vinho do Porto A zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia tem-se afirmado nos últimos anos como um destino turístico de relevo, fruto da reconversão das caves de Vinho do Porto, as quais assumemse como foco importante de enoturismo. Assim, mas não só, se explica a oportunidade do Hilton Porto Gaia. Com projeto de arquitetura a cargo do atelier ARQ 2525 e design de interiores de Nini de Andrade Silva, o Hilton Porto Gaia oscila entre a contemporaneidade de estilo, o conforto e sobriedade do interior (dificilmente a amplitude do espaço faz-se notar) e a ligação estilística ao mundo do vinho e do Porto. Projetos âncora, como o recentíssimo WOW, o teleférico ou a zona do Cais de Gaia, têm impulsionado a atratividade do destino ribeirinho de Vila Nova de…

José João Santos, diretor de conteúdos da EV-Essência do Vinho, tem a paixão da escrita, da reportagem, da formação e da prova. É ainda autor do podcast "Vinho, Palavra a Palavra". Se o consumidor português soubesse tanto sobre Vinho do Porto quanto o consumidor dinamarquês estaríamos bem melhor. Pode parecer heresia ou provocação mas não o é. Caro leitor, acredite, é tão-somente uma constatação. É uma delícia conversar com dinamarqueses acerca de Vinho do Porto. O conhecimento que apresentam e, sobretudo, a curiosidade que manifestam sobre o tema, entusiasmam qualquer português que goste do que está a falar. Na Dinamarca, a exemplo de alguns outros países nórdicos e centro-europeus e outros estados norte- -americanos menos óbvios, por exemplo, é comum existirem os wine clubs, clubes de vinho que reúnem conjuntos mais ou menos…

A Quinta do Val Moreira é um autêntico anfiteatro para assistir ao encontro do rio Tedo com o Douro. Esse cenário de eleição convenceu os sócios e amigos Jorge Rebelo de Almeida (presidente do grupo Vila Galé) e António Parente (presidente da produtora SP Televisão) a investir em conjunto num projeto que combinasse turismo e vinho, áreas em que ambos possuem experiência (Santa Vitória, no Alentejo, pelo Vila Galé; Quinta de São Sebastião, em Arruda dos Vinhos, por Parente). Em breve haverá outras novidades desta parceria, com bússola apontada ao Minho. Já mencionada num mapa do Barão de Forrester, a Quinta do Val Moreira é hoje uma propriedade de 40 hectares, 26 dos quais com vinhas, as mais antigas acima dos 70 anos. O encepamento debate-se com várias falhas em linhas…

Começamos as comemorações com os espumantes que fizeram a fama da Filipa Pato num cocktail ao pôr-do-sol no Parque das Termas da Curia. Brindes entre jornalistas e alguns dos seus importadores, oriundos de mercados onde fazem muito sucesso a despeito da concorrência de peso, como no Reino Unido ou em Itália. Fomos depois levados em “carrinhos vintage” à casa/adega da Filipa em Óis do Barro. Certamente todos esperavam uma grande noite de prova, harmonizações e belas histórias do “power couple”, mas mesmo este grupo acostumado com o que há de melhor mundo afora, não imaginava o nível absolutamente fabuloso do profissionalismo e paixão que assistimos. Dos melhores eventos do ano de 2021, desde a atmosfera intimista e descontraída criada, na casa do casal Pato & Wouters, com pratos impressionantes que saíam…

A Quinta da Pacheca tem conhecido um período de evolução dinâmica nos últimos anos, após a aquisição, por Maria do Céu Gonçalves e Paulo Pereira, à família Serpa Pimentel, consubstanciada, em tempos mais recentes, na criação do grupo Terras e Terroir que, no final de 2020, alargou a operação de Paulo Pereira e do casal Maria do Céu e Álvaro Lopes a outras regiões, como Dão e Trás-os-Montes - e promete não ficar por aqui. Parte importante da estratégia de investimento é a associação do turismo qualificado ao vinho. Dito de outra forma, qualquer operação encetada pelo grupo terá que abranger sempre a componente de turismo. Não é que esta atividade seja alheia à Quinta da Pacheca – bem pelo contrário, ainda sob a alçada dos Serpa Pimentel, foi uma das…

94 ANGE 2013 França/Loire/Tinto/Domaine de L’Ecu Um Pinot Noir do Loire carregado de jabuticaba, fresca, azeda, de quantidade de matéria perfeita, tanino preciso, impecável. Recomendo - EO Preço: R$ 330 95 /A escolha de Eugênio Oliveira EMMANUEL GIBOULOT “LES PIERRES BLANCHES” 2018 França/Borgonha/Branco/Emmanuel Giboulot Chardonnay biológico, untuoso, tropical, melão, abacaxi. Tem o corpo e a cremosidade da casta, com seriedade e distinção. Preço: R$ 900 95 QUINTA DOS MURÇAS PORTO VINTAGE 2015 Portugal/Vinho do Porto/Fortificado/Quinta dos Murças Feito a partir de uma vinha às margens do Douro, plantada em 1980, com Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz e Sousão. A fermentação arranca de forma espontânea nos lagares de granito, onde as uvas passaram pela pisa a pé. Mesmo na fase exuberante e potente da juventude, este Vintage já se mostra sedutor; uma aula sobre taninos, que estão presentes em enorme quantidade…

A enóloga Francesca Moretti tem muitos motivos para estar satisfeita. Desde logo, o novo cargo como presidente da Terra Moretti Vino, empresa fundada pelo pai e que ajudou a crescer até as impressionantes proporções que tem hoje: 1.130 hectares de vinhas distribuídos em seis propriedades da Lombardia à Toscana e um volume de produção de mais de 8 milhões de garrafas de vinho por ano, no valor de 65 milhões de euros. A indiscutível joia da coroa da empresa familiar de vinhos é a principal ‘cantina’, a Bellavista, que iniciou as operações na década de 1970 e hoje produz mais de um milhão de garrafas de espumante. Além do facto de desde sempre ter defendido a produção de vinho espumante pelo método tradicional de alta qualidade aqui na região de Franciacorta.…

Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". Existem mais de 1.500 variedades diferentes de banana mas, “notoriamente”, diz Dan Saladino, apenas uma-a Cavendish-domina o comércio global. Devo confessar que este tema passou-me ao lado; no entanto, estou bem ciente da causa justa pela qual o escritor de gastronomia brande a banana Cavendish. O novo livro de Saladino, ‘Eating to Extinction’, desafia as suposições de que a nossa dieta é mais ampla do que a dos nossos ancestrais. Fiquei chocada ao ler que o arroz, o trigo e o milho fornecem 50% da ingestão calórica mundial e, das 6.000 espécies de plantas que os humanos comeram ao longo do tempo, o mundo agora alimenta-se principalmente de apenas nove. As…

UM DOS MAIORES NOMES DA HISTÓRIA DA PUBLICIDADE BRASILEIRA, VENCEDOR DE DIVERSOS LEÕES NO FESTIVAL DE CRIATIVIDADE DE CANNES, É ATUALMENTE CHAIRMAN DA W/MCCANN. VIVE ENTRE LONDRES, SÃO PAULO E LUGARES AO REDOR DO MUNDO ONDE POSSA FAZER DESCOBERTAS GASTRONÔMICAS. Vou começar pelas más: o histórico e antológico Restaurant de Bacon, localizado em Cap D’Antibes, fundado pela família Sordello em 1948, e vendido por essa mesma família em 2020 depois de mais de 70 anos de excelência, começa a desaparecer. Os compradores, donos do Le Bâoli, uma mistura de night club com restaurante, localizado em Cannes, na região de Port Canto, não têm a mínima vocação para um negócio tão requintado. Tanto é que já promoveram trágicas modificações no tradicional Bacon. Mudaram o nome do restaurante para Maison Bacon e imprimiram esse…

Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". Se colocarmos a alguém o desafio de nomear um filme de Ridley Scott estrelado por Russell Crowe, as hipóteses recaem sobre “Gladiador”, o épico drama histórico em que Crowe grita: “Não estão entretidos?” Scott também dirigiu o ator em “Um Ano Perfeito”, onde interpretou um banqueiro londrino que herdou uma vinha na Provence. Não é o primeiro contacto profissional de Crowe com vinhos. Em 2020, fez a narração inebriante de “A Vintage Graced By The Luminous Moon” sobre uma vinha real. O vídeo – um grande golpe publicitário para o produtor Henschke – celebrou o lançamento da colheita de 2015 do Hill of Grace, a vinha de Shiraz mais…

Quantas viagens, quantos itinerários não fazemos ou não mudamos por causa da visita a um restaurante, a um destino gastronómico ou a um produtor que desperta e alimenta o nosso imaginário ou os nossos sentidos? Fazemos isto dentro e fora de fronteiras, para conhecer e, sobretudo, para fazer da vida uma experiência para os sentidos. Há 50 anos, para recuar até à geração dos meus pais, agosto era mês de romagem a sul e, dependendo do ponto de partida e de chegada, havia e continua a haver pontos de paragem incontornáveis, mesmo quando a opção pela autoestrada obrigava a desvios no itinerário. O famoso Cozido em Canal Caveira ou o Leitão da Bairrada eram sinónimo de férias no Algarve, pontos de encontro, e momentos de reencontro anual que faziam as…

WHEN BRAZILIAN DESIGNER JULIANA Lima Vasconcellos was a child, she dreamed of being a painter. Then, for a time, it was a fashion designer. At age 11, she decided to pursue architecture. No one in her family was an artist, she says, but “I’ve always liked strange pieces of furniture, strange clothes—things that are different and potentially difficult to understand.” These days, Vasconcellos’s design practice straddles architecture, furniture, and interiors, and that desire to include something almost unknowable in her work often translates to a focus on contemporary art, which she passionately collects. But back in 2009, when she first stumbled upon the Rio de Janeiro apartment that is now one of her homes, Vasconcellos was initially drawn to something that wasn’t mysterious at all. Through a bank of windows stretching…

E FIQUE IN LOVE PELO VINHO VERDE! O que realmente sabe sobre Vinho Verde? Nestas duas páginas partilhamos outras tantas dicas que o ajudarão a elevar a experiência de provar, partilhar e levar à mesa um Vinho Verde. CAMPAIGN FINANCED WITH AID FROM THE EUROPEAN UNION THE EUROPEAN UNION SUPPORTS CAMPAIGNS THAT PROMOTE HIGH QUALITY AGRICULTURAL PRODUCTS 1. Nem quente nem geladinho! Uma temperatura correta de serviço é fundamental para apreciar devidamente o seu Vinho Verde. Tome nota das nossas recomendações: VINHO VERDE BRANCO, PERFIL LEVE E FRESCO Sirva-o em torno dos 10ºC, de modo a preservar os aromas, a frescura e a simplicidade destes vinhos. VINHO VERDE BRANCO, PERFIL COMPLEXO Pode servir em torno dos 12ºC, permitindo assim a correta perceção das texturas e subtilezas destes vinhos, parte dos quais conhece estágios em barrica ou mais tempo de…

Dez anos atrás estava em Londres e fui convidado para uma visita a Bordeaux. Foi um convite pedagógico (eu achava que conhecia bem Bordeaux e seus vinhos), vindo de um grupo chamado Bordeaux Oxygène, jovens produtores que querem (o grupo continua existindo e atuando, pode ser seguido na sua página bordeauxoxygene.com) tirar o ranço de coisa ultrapassada dos vinhos bordeleses. São alguns novos produtores e outros herdeiros na terceira ou quarta gerações colocando a mobília para tomar sol. Foi um roteiro exigente, pois já fazia o calor de maio, os dias longos, e eles, gentilmente, incluiram propriedades não pertencentes ao movimento, mas que simpaticamente me receberam. Equivaleu a um diploma em Bordeaux, região que confessadamente estimo muito, da cidade adorável (onde fica minha livraria favorita da França, a Mollat e onde…

José Peñin é um dos mais influentes críticos e ‘wine writers’ de Espanha, responsável pelo primeiro guia de vinhos do país irmão, o famoso Peñin, cuja primeira edição foi publicada em 1990. Ovinho, tanto frágil e voluptuoso como amplamente consumido, tem historicamente necessitado de divulgadores, seja com a ênfase poética dos escritores, com o testemunho de viajantes antigos, com o rigor científico de enólogos e com a energia fenícia dos mercadores. No entanto, em 1977 interessava-me mais pelo jornalismo do vinho, tanto informativo como crítico, lendo jornais e revistas britânicos, americanos e, sobretudo, franceses. Num artigo que escrevi em 1984, descrevi o panorama mundial dos escritores e jornalistas que mais se destacavam naquela época. Nesse artigo apontava Jancis Robinson como pertencendo à “nova leva” de escritores, num ano em que precisamente Robert…

EXPORTAÇÕES CIMENTAM IMPORTÂNCIA E, no que concerne ao tema exportações, a fileira portuguesa dos vinhos voltou a mostrar a sua garra. Até novembro de 2021, as vendas de vinhos portugueses cresceram, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 3,8% em volume, 8,6% em valor e 4,6% em preço médio, face ao registado nos 11 primeiros meses de 2020. Os cinco principais mercados de destino da exportação de vinho nacional, em termos de valor, foram França, Estados Unidos da América, Reino Unido, Brasil e Alemanha. No total, e quando faltam conhecer os resultados de dezembro, foram comercializados ao exterior mais de 856 milhões de euros, ultrapassando já o valor total registado em 2020. O preço médio por litro passou dos 2,7 para 2,82 euros e o volume passou a barreira dos…

Planear a abertura de um restaurante de “fine dining” com apenas 20 lugares, num período em que se ouvia falar mais da troika do que do boom de turismo (ou dos novos exilados fiscais) parecia algo vindo da cabeça de um alucinado. Porém, Alexandre Silva não só concretizou o seu plano, sem investidores por detrás, como conseguiu a proeza de alcançar uma estrela Michelin - que mantém até hoje – antes de completar um ano de existência. Esse feito alcançado pelo Loco, em Lisboa, um restaurante de mesas nuas, com uma cozinha experimental e um menu com alterações regulares, foi muito importante, porque marcou uma certa abertura num guia sempre visto como muito conservador em relação a Portugal. Mas Alexandre Silva não é pessoa de ficar a dormir sobre os louros…

The Porsche 911 GT3 changes, but it mostly stays the same. Since the 996-gen 911 began the dynasty in 1999, the GT3 has remained true to its original form with a high-revving naturally aspirated flat-six, a track-biased suspension, and a commendable lack of fripperies and needless ornament. A new iteration of Porsche’s most focused sports car doesn’t need to be different to earn enthusiasts’ attention and respect. Yet the GT3 has also made some major leaps as it has evolved. With the arrival of the 992-generation model, the GT3 jumps to an unequal-length control-arm front suspension. That makes it the first roadgoing 911 to eschew struts up front. The new setup is heavily influenced by the suspension that Porsche pioneered in the 911 RSR race car back in 2013. The arrangement…

AFTER ‘ROCKET LAKE,’ 5 THINGS INTEL MUST DO ON DESKTOP TO GET ITS CPU MAGIC BACK Intel must replicate what Apple has done. The Apple M1 is the first ARM-based system on a chip designed by Apple Inc. as a central processing unit for its line of Macintosh computers. It was inspired by their ARM A14 chip. It is deployed in the MacBook Air, Mac mini, and the MacBook Pro. It is the first personal computer chip built using a 5nm process. Apple claims that it has the world’s fastest CPU core.—Richard Keyes It is past time for Intel to move its chip design to at least 10nm, achieving all of its economies in circuit density and power consumption, especially when TSMC and Samsung are already at 7nm. It boggles the mind…

São várias as condicionantes destes modelos de produção, que incluem aspetos como a redução de emissões de CO2, a não utilização de produtos fitossanitários de síntese na vinha, a prioridade dada à luta biológica contra pragas e doenças, entre muitas outras variáveis. Em resumo, seguindo as diretrizes de António Dias Cardoso, o vinho biológico combina as melhores práticas em matéria ambiental e climática, elevado nível de biodiversidade, preservação dos recursos naturais e a observância de normas exigentes em matéria de produção, de acordo com o estatuído no Regulamento n.º 2018/848 do Parlamento Europeu e do Conselho, que regula a produção biológica. Por sua vez, a biodinâmica acrescenta uma camada filosófica e holística aos processos, visando a autossustentabilidade da produção, ligando todos os elementos da exploração agrícola a influências cósmicas e corpos celestes.…

Starlink is catnip for PCMag readers. Just say the word, and they come a’clicking in the tens of thousands. The satellite ISP’s mystique is a combination of Elon Musk (an unappealingly named men’s cologne) and Americans’ hopeless desperation for better home internet choices. And at this point, it’s getting way out of hand. “SpaceX is aiming to one day deliver 10Gbps internet speeds over its satellite internet system,” our story reads, couching SpaceX’s ambitions in similar terms to my ambition to have ripped abs. Americans are desperate for better connectivity. They’ve given up on regulators, incumbent ISPs, and their own communities to provide them. They’re holding out for a hero (‘til the end of the night). They want Musk to be their streetwise Hercules, but he’s Loki. But not hot. Kind of…

“AS VARIEDADES ESTRANGEIRAS NÃO REPRESENTAM O LUGAR, AS VARIEDADES NATIVAS SIM”. Falso, pois depende do contexto. A concepção nacionalista de destacar as cepas autóctones deve-se a evitar as variedades globais por acreditar que não identificam o território. O significado “nativo” é muito relativo. Estou mais próximo do conceito “adaptado”. Se estivermos curiosos sobre as origens das variedades, talvez tenhamos que voltar aos tempos da Babilônia ou antes. A vinha instalada num local há muitas décadas, e até séculos, vai adquirindo gradualmente as características, quer do solo onde é cultivada, quer da natureza que a envolve. Os vinhos de um antigo vinhedo de Cabernet Sauvignon em La Rioja guardam muito pouca semelhança com os de Bordeaux. Os franceses, por exemplo, não identificam sua carignan (cariñena) e sua grenache (garnacha) como vinhas espanholas,…

O percurso de Susana Esteban no mundo do vinho segue uma orientação simples: de norte para sul. Susana Esteban não é portuguesa por uma questão de metros. Nasceu do outro lado do rio Minho, em Tui, na Galiza. Mas a nacionalidade, neste caso, não passa de mero detalhe. A casa é onde a alma está. E Susana Esteban é portuguesa de corpo, alma, vinha e vinhos. A enóloga começou no Douro. Passou pelas quintas do Côtto e do Crasto. Fez parte da geração que mudou para sempre os vinhos da região. Migrou para sul e, depois de se aventurar pelo Alentejo, fincou raízes no granito de Portalegre, bem antes de a região se tornar a nova terra prometida da viticultura portuguesa. A procura começou em 2009. A enóloga rodou meio Alentejo…

Se tiver que optar entre Bordéus e a Borgonha, João Portugal Ramos escolherá sempre a primeira. Admite a predileção por vinhos tintos com potência, confessando encontrar no Cabernet Sauvignon os predicados que fazem uma grande casta ser isso mesmo, grande. A potência que advoga, no entanto, terá que ter equilíbrio, não ser apenas força bruta. “O que faz um vinho envelhecer bem durante largos anos?”, questionamos. “Tanino e acidez”, responde de imediato. Pai dos vinhos contemporâneos do Alentejo, João Portugal Ramos será sempre um enólogo. Revolucionou a forma de fazer e até um certo modo de pensar na região, aportando conhecimentos e técnicas que não se ousavam até então, por desconhecimento ou inércia – estávamos na década de 80. Quando nos anos 90 opta por também produzir o próprio vinho e abandonar…

A riqueza patrimonial associada ao vinho português faz-nos, frequentemente, dar de caras com autênticos châteaux, muitos dos quais de traça semelhante à que vemos nas incursões a Bordéus. A região francesa tem sabido preservar e explorar esses legados arquitetónicos ao limite, a ponto de os tornar nos maiores símbolos que os turistas associam àquela região. Fachadas e jardins impolutos, brasões que cintilam, esquadrias aparentemente perfeitas. Não será exagero questionar-se se metade dos turistas que se “instagrama” com um château em fundo alguma vez se terá dado ao trabalho de visitar a vinha associada à respetiva marca. Provavelmente, não. levaram a A verdade é que um château bordalês continua a ter valorizações, financeiras e aspiracionais, de causar inveja à generalidade dos territórios do mundo do vinho, Portugal incluído. Aliás, pelo nosso país…

Formação internacional estreou-se em Portugal e regressará para nova edição em 2023 Na cena internacional do vinho, o ofício da sommelerie tem sido particularmente acarinhado pela indústria. Muitos deixam-se nas mãos do sommelier no momento da escolha de um vinho, aguardando que a mesma coloque noutro patamar o prazer de uma refeição. A mediatização de restaurantes e de chefes de cozinha, bem como a maior oferta de conceitos de restauração, transformou o sommelier numa peça-chave de um puzzle complexo. O exercício competente da função não é fácil. Colocar um sommelier ao nível de um qualquer outro funcionário de sala pode ser um erro de palmatória, na medida em que o ofício, quando devidamente contextualizado, tornar-se-á num dos principais geradores de negócio num espaço de hotelaria e restauração. Quem pretende ir mais além obriga-se…

Porque todos merecemos momentos de ócio e de pura preguiça. O hotel nasceu na Quinta do Vale Abraão, que inspirou artistas como Manoel de Oliveira e Agustina, integrando elementos arquitetónicos de linguagens distintas, enformados pela paisagem de vinhas e pelo rio Douro. O projeto de reabilitação e ampliação dos edifícios para acomodar um hotel de luxo, da autoria do arquiteto Luís Rebelo de Andrade, implicava a passagem de 4.000m2 de área de construção para 22.000m2; a necessidade de integrar este volume foi cumprida pela criação de jardins verticais, terraços ajardinados com linhas de vinha, vastas áreas de jardins e horta. É essa perceção que nos assoma quando percorremos a estrada que liga a Régua a Samodães, e já antes, a espaços, na famosíssima EN222, eleita em 2015 a melhor estrada do mundo para…

Porque todos merecemos momentos de ócio e de pura preguiça. The Editory Riverside Santa Apolónia Hotel, unidade cinco estrelas com 126 quartos, é em si mesma uma viagem por um dos mais icónicos edifícios da ferrovia portuguesa. Há algo de especial na sensação de chegada a uma estação ferroviária. Depois de uma viagem de comboio, que é provavelmente a forma mais aconchegante, prática e, porque não dizê-lo, sustentável, de viajar, sermos recebidos numa estação de caminho de ferro que é, em simultâneo, uma obra prima da arquitetura e um pedaço da história e do património da capital (e, entre nós, há belíssimos exemplos disso mesmo), converte-se numa sensação de acolhimento, expetativa e até descoberta. E se, ao chegarmos ao destino, tivermos o privilégio de nos instalarmos numa unidade hoteleira localizada na dita…

22 October 2038: After a journey of over a billion miles to the outer solar system, the Centaurus spacecraft is on final approach. Dead ahead lies Chiron, a mini-planet orbiting between Uranus and Saturn. A native of the Kuiper Belt formed over 4 billion years ago, Chiron was recently (at least in astronomical terms) gravitationally dislodged from there and tossed into its current closer climes. Exploring it is now much easier than if it were still in the Kuiper Belt, over three times farther away. And what a scientifically mouthwatering prize Chiron is. Known to have rings, an atmosphere, and surface activity, Chiron is also a world that lies in the critical size gap between planetesimals (the formation seeds of planets) and full-fledged planets, like Pluto. Centaurus crossed that billion miles from Earth to…

FOTOS: RAFA GALLAR. REALIZACIÓN: BÁRBARA GARRALDA Y SYLVIA MONTOLIÚ…

{ PAINEL REVISTA DE VINHOS/GULA ESTEVE NA FRANÇA PARA UMA PROVA ESPECIAL DOS GRANDS CRUS CLASSÉS 1855 } Philippe Castéja, o presidente do Conseil des Grands Cruss Classés en 1855 (Médoc & Sauternes), recebe-nos no Château Batailley, em Pauillac, do qual é proprietário. Estávamos em meados de abril, num dia de alguma chuva e sobretudo muito vento, que logo nos lembrou a proximidade ao mar não fora, por algum motivo, alhearmo-nos da localização concreta. O aconchego da lareira acesa na acolhedora sala do château contrasta com o esvoaçar constante das folhas de árvore que ficam como imagem de fundo, do lado exterior das enormes janelas. O foco da nossa conversa é a Classificação de 1855, das mais notáveis e estáveis no mundo do vinho. “Foi a primeira vez que uma classificação deste…

‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge. Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula. Uma das discussões frequentes no mundo do vinho é o conflito entre tradição e modernidade. O vinho está enraizado na tradição, especialmente em países onde é feito há centenas ou mesmo milhares de anos. Mas a popularidade recente do vinho em países onde este não era a bebida tradicional mudou bastante o cenário. Por causa da procura dos mercados de exportação, a ligação entre o lugar e o vinho foi enfraquecida, pelo menos em alguns segmentos de mercado. Em muitas regiões, tornou-se possível separar os produtores de vinho em diferentes grupos: aqueles mais tradicionais, que fazem vinhos…

Neta de portugueses, de uma família originária de Celorico de Basto, Juliana Kelman nunca perdeu de vista as suas origens; mesmo tendo vivido toda a vida no Brasil, onde exercia a profissão de executiva de marketing no Rio de Janeiro, a empresária encontrou no vinho o pretexto para aprofundar os laços com Portugal e desenhar uma ligação física ao país dos seus avós. Mas, ao invés de procurar poiso no Minho ancestral, foi no Dão, mais concretamente na sub-região de Terras de Senhorim, que Juliana encontrou o seu terroir de eleição: “Foi o vinho o principal motivo para retornar a Portugal” por volta de 2011, conta. Nessa época, recorda, “bebia-se muito vinho bom no Brasil, pois havia uma condição económica que o permitia” e, por outro lado, ajudava “a perceber que…

J.A. Dias Lopes é considerado a referência do jornalismo gastronómico no Brasil. Escreve atualmente na edição online da “Veja”, já colaborou com várias publicações e é ainda diretor de redação da “Gosto” e autor de vários livros sobre história e gastronomia. Os açorianos não sabiam o que fazer para acolher com mais carinho o rei Dom Carlos I (1863-1908) e a rainha consorte Dona Amélia (1865-1951), de Portugal e Algarves, quando visitaram o arquipélago em 1901. O casal e comitiva foram recebidos com aplausos, cerimónias magníficas e banquetes generosos desde que desembarcaram dos cruzadores Dona Amélia e Dom Carlos e São Gabriel, nos quais viajaram. Mas quem roubou a cena foi um bolinho à base de açúcar, gemas e claras de ovos, canela em pó, uvas passas, cidra, manteiga, farinha de milho,…

Para ver e ouvir Joana Santiago chegou ao vinho para ficar. Qual furacão, a advogada revolucionou a propriedade familiar e, inspirada na avó, conseguiu criar marca e trazer para a primeira linha de pensamento a Quinta de Santiago. Concretiza as ideias ao ritmo da impaciência, ou seja, a grande velocidade. De repente, desafiou enólogos, como Pedro Ribeiro e Nuno Mira do Ó, a pensarem com ela novas abordagens em Monção e os resultados são francamente positivos. Neste reencontro com Joana e Nuno Mira do Ó, captamos as novidades. Quinta de Santiago Vinha do Chapim 2020 tem origem numa das mais antigas parcelas da propriedade, que possui muita argila e seixo rolado, junto ao rio Minho. Expõe uma versão desnuda do que pode ser o Alvarinho, com firmeza e tensão, mostrando nesta edição…

Before launching today’s journey, the word antipode forces us to stroll along the old pronunciation footpath. That’s a familiar trail, reached whenever a friend says things like “your-AIN-us.” Granted, some celestial names are tough to decipher; you’d have to stop and grab a dictionary if you really want to pronounce Orion’s left shoulder star correctly (it’s bel-AY-trix, not bel-AH-trix). Anyway, our subject is antipode and its plural, antipodes — words that indicate opposites and are challengingly pronounced AN-ti-pode and an-TIP-uh-deez. The British liked the concept enough that they often refer to the Australia and New Zealand region as the Antipodes because they’re opposite England on the globe. Despite the unfortunate popularity of the Flat Earth movement, celestial objects are mostly spheres and, obviously, every location on each of those balls has a…

A Quinta do Crasto tem a sorte de possuir dois topos de gama, dois vinhos de vinhas centenárias que possuem características ímpares. Raramente são lançados em simultâneo, dificilmente partilham a mesma colheita, mas por vezes acontece. Como em 2018. Alguns dos melhores vinhos do mundo nascem a partir de minúsculos palmos de terra. Fruto de um conjunto de circunstâncias, adquirem uma identidade impossível de replicar por qualquer outro meio, tornando-se ícones que, nos melhores exemplos, chegam ao Olimpo da classificação de vinhos raros. A Quinta do Crasto tem a sorte de possuir dois topos de gama, dois vinhos de vinhas centenárias que possuem características ímpares. Raramente são lançados em simultâneo, dificilmente partilham a mesma colheita, mas por vezes acontece. Como em 2018. Foi um ano quente, com momentos de escaldão em diferentes pontos…

Segundo nota do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), a vindima de 2021 saldou-se pelo aumento de produção de 14% face à campanha anterior de 2020/2021, para um volume total da ordem dos 7,3 milhões de hectolitros (hl.), ou seja, mais 15% em relação à média das cinco campanhas anteriores. O aumento de produção verificou-se em praticamente todas as regiões nacionais, com exceção das ilhas. Recorde-se que os números iniciais do IVV apontavam para o aumento de 1% nas previsões de produção face à campanha passada, com um volume na ordem dos 6,5 milhões de hl.. No geral, o volume de vinhos brancos representou 31,2% da produção nacional. O clima instável, marcado pelas chuvas de agosto e setembro, com alguns episódios de granizo, vieram baralhar as contas. Regra geral, 2021…

“Uma estrela não significa nada, é um objeto, uma opinião. Não és melhor cozinheiro por teres uma estrela. O realmente importante é a ideia que há por trás dela. Significa que arriscaste, que és ambicioso, que queres sempre mais”. A citação, narrada por David Muñoz num anúncio a um automóvel tem uma conclusão sublime, mas vamos deixar essa parte para o final. Para o caso, serve para ilustrar a personalidade desta figura mediática e controversa do país vizinho e génio da cozinha mundial - apontado recentemente como o melhor chef do mundo na lista do Best Chefs Awards (cujo resultado resulta de uma eleição por profissionais do sector). David, ou Dabiz Muñoz, como gosta de ser tratado, é uma espécie de meteorito que caiu no seio da alta cozinha espanhola. Não…

‘Wine writer’, cronista do The Sunday Express, autor do blogue wineanorak.com, é doutorado em Biologia de Plantas e co-chair do International Wine Challenge. Assina esta colaboração regular na Revista de Vinhos e também na brasileira Gula. Muito mudou no panorama do vinho português nos últimos 25 anos. Lembro-me de ter visitado o país em trabalho, pela primeira vez, em meados da década de 1990 (antes de me tornar jornalista de vinhos) e os vinhos disponíveis eram indistinguíveis da oferta de vinhos sofisticada de hoje. O principal mercado de exportação de Portugal para vinhos de mesa eram as antigas colónias. Os vinhos de mesa que apareciam no Reino Unido ganharam espaço nas prateleiras, em grande parte, por serem baratos. Atualmente, Portugal ganhou reputação por produzir vinhos realmente característicos e de alta qualidade, abrangendo…

Delicada, de cachos grandes e compactos, variedade de rendimento elevado, a casta Loureiro tem uma acidez naturalmente elevada e apenas em anos mais recentes tem obtido o reconhecimento que merece. “É uma casta vigorosa, produtiva, com película grossa e bagos pequenos”, explica José Luís Moreira da Silva, enólogo do Esporão responsável pelos vinhos da Quinta do Ameal, em Ponte de Lima. “É mais fresca e cítrica que a Alvarinho, bastante similar à Riesling”, explica. Por sua vez, o produtor e enólogo Márcio Lopes afirma ser uma casta que o “atrai bastante, quer pela sua produção e rendimento, quer pelas componentes aromáticas. É versátil, com uma capacidade muito grande de variar no estilo de vinho”. O reconhecimento da valia da Loureiro surge igualmente a partir de uma sub-região dos Vinhos Verdes dominada…

Se há alguém a personificar essa nova e brilhante geração de enólogos de Portugal, que viajou pelo Velho e pelo Novo Mundo no seu processo de formação profissional, provou de tudo o que há de melhor com amigos, colegas e pessoas-chave da indústria, dos clássicos às novas tendências do vinho, e tem a cabeça aberta e a sensibilidade para inovar ou para respeitar as tradições quando necessário, esse alguém é a Anna da Vidigueira. Ou será a Anna do mundo? Quem a conhece pela primeira vez, tão serena e extremamente humilde, não imagina que nos seus 28 anos caiba tanta experiência de vida, conhecimento e responsabilidades. Em 2020, assumiu a direção geral, de enologia e de viticultura de uma das mais importantes casas do Alentejo, a Cortes de Cima. A empresa…

PUBLICITÁRIO E GASTRÔNOMO @WCAST.PODCAST UM DOS MAIORES NOMES DA HISTÓRIA DA PUBLICIDADE BRASILEIRA, VENCEDOR DE DIVERSOS LEÕES NO FESTIVAL DE CRIATIVIDADE DE CANNES, É ATUALMENTE CHAIRMAN DA W/MCCANN. VIVE ENTRE LONDRES, SÃO PAULO E LUGARES AO REDOR DO MUNDO ONDE POSSA FAZER DESCOBERTAS GASTRONÔMICAS. A comida dos bons bares de tapas é tão deliciosa quanto a dos restaurantes mais afetados, mas custa bem menos, portanto, elegi os meus três favoritos para indicar aos leitores de GULA que pretendam desfrutar Londres no sentido espanhol do termo. Dos três melhores bares de tapas de Londres, o meu favorito é o Sabor, que fica em Mayfair, na região da Heddon Street, lugar repleto de bons restaurantes, como o Heddon Street Kitchen, do badalado Gordon Ramsay. O Sabor, situado nos números 35-37 da Heddon, é um bar de…

Criado em 1953 pela Vintners' Company para melhorar o padrão qualitativo e educacional no setor do vinho do Reino Unido, apenas seis dos 21 candidatos originais foram aprovados – criando as bases do que viria a ser o Institute of Masters of Wine (IMW), entidade que atribui aquele que é provavelmente o título mais difícil e cobiçado do mundo do vinho, materializado em duas singelas letras que o detentor pode ostentar em jeito de sobrenome: MW, ou seja, Master of Wine. E se, à época, a taxa de aprovação era reduzida, hoje a malha é ainda mais fina: menos de 10% por ano. Por outro lado, o número de mulheres Master of Wine é substancialmente superior e o conjunto de nacionalidades dos candidatos também alargou. Mas, na realidade, dos cerca de…

No Alentejo nasce um novo projeto de vida, os LV Wines Manuel Lobo fala com ternura especial sobre os solos, as vinhas, a adega e o futuro espaço de enoturismo do projeto familiar que passou a corporizar no Alentejo. Não é para menos. Estamos perante as fundações de um projeto de vida, partilhado com a mulher, Teresa, e os filhos. Aliás, eles já cirandam pelos cantos e recantos da adega com o à vontade do estar por casa. O património agrícola dos Lobo de Vasconcellos não é de hoje. Há mais de 200 anos que existem ligações profundas à terra, em regiões tão próximas e tão distintas quanto o Alentejo, o Tejo e as Beiras. Nos últimos anos, Manuel Lobo assumiu a enologia do ribatejano Casal Branco, um clássico que o tio…

Hair: Guido. Make-up: Pat McGrath. Nails: Jin Soon Choi. Production: ProdN. Digital artwork: Gloss Studio. Models: Janaye Furman, Precious Lee, Achenrin Madit, Mona Tougaard…

Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". No papel, poderíamos ser levados a pensar que os vinhos do Douro eram mais conhecidos do que os seus homólogos de Barossa Valley. A prestigiada reputação global do Vinho do Porto foi polida ao longo de centenas de anos, colocando verdadeiramente o Vale do Douro no mapa. Quanto aos vinhos tranquilos, o Douro partilhou com Barossa um momento divisor de águas quando, inspirando-se em Bordéus, dois enólogos ambiciosos, alicerçados na produção de vinhos fortificados, criaram o Barca Velha e o Penfolds Grange. Feitos para durar, estes tintos encorpados foram lançados oficialmente com a colheita de 1952 e logo tornaram-se ícones. O Penfolds Grange marcou o início de uma nova era…

Para ver e ouvir Se gostam de queijo de S.Jorge têm mesmo de ver onde nasce. Nós apaixonamo-nos por esta ilha absolutamente atordoante e só nos apetecia ficar aqui para sempre, entre falésias abruptas, terra vermelha e uma orografia onde as fajãs são rainhas junto ao mar. Um tropicalismo que se entranha, tal como o queijo que aqui viemos provar. É símbolo de portuguesismo, mas nem por isso deixa de ter influências flamengas na sua origem, a par de uma ajudinha alemã e inglesa. O queijo de S. Jorge remonta à sapiência dos primeiros colonizadores da ilha, mas afinou a produção no século XIX. A sua textura evoca ainda o Cheddar, outro queijo de leite de vaca cru, o Gouda ou até o Parmesão. De facto, só mesmo quem sente o pulsar exótico…

Vincent van Gogh pintou dezenas de quadros que hoje são considerados obras-primas do pós-Impressionismo. Alguns estão entre os mais apreciados da história. Porém, o holandês viveu toda a vida no anonimato, convivendo com fragilidades de índole pessoal e até alguma demência, tendo-se suicidado aos 37 anos. Em vida não saiu da obscuridão artística, não alcançou reconhecimento, vendeu pouco mais que nada. Quantos outros artistas, de tantas outras artes, confrontaram-se com uma vida de desencanto que, anos volvidos, acabou recontada de outra forma? A valorização de peças artísticas ou da esfera do gosto individual é sempre ingrata. Nas artes plásticas, na música, no teatro, no cinema, na generalidade das expressões culturais, por vezes até nos ofícios. Pagar 150,00€ por um menu de degustação da autoria de um criativo chefe de cozinha pode ser tão…

Sarah Ahmed é uma reputada jornalista e crítica de vinhos britânica, especializada em vinhos portugueses e australianos, no blogue "The Wine Detective". Em Esperanto, ‘defio’ significa desafio. Mas há um outro Defio: trata-se do novo membro do projeto inovador Nat Cool fundado por Niepoort - uma comunidade de produtores com ideias semelhantes que fazem vinhos leves, fáceis de beber, de intervenção mínima. Certamente que todos já conhecem o projeto Nat Cool, mas talvez não tenham ouvido falar da dupla criativa por trás do Defio, um Baga estilo clarete, em lata. Só por esta razão, Sara Rodrigues e Matos e Ana Sofia Oliveira procuram entrar no hall da fama do vinho em Portugal. Ou notoriedade. Até porque um vinho como este exige coragem. Tal como um investidor do Shark Tank, interroguei a dupla…

Uma história de meio século sobre Vinho do Porto e o Douro, mas também de ligações familiares ancestrais, têxteis e até futebol. John Graham e a Churchill Graham desenharam um período de renovação no setor, que não se esgota nos vinhos generosos e tem já uma nova geração a tomar as rédeas da firma. A Graham’s Port era uma empresa familiar desde 1820, até que o pai de Johnny vendeu a firma aos Symington em 1970. Porém, a sua ligação ao Vinho do Porto nunca esmoreceu e, hoje, Johnny pode gabar-se de ter criado, em 1981, a primeira empresa do setor em 50 anos, tantos quantos soma hoje de ligação profissional ao Vinho do Porto. John (Johnny) Graham nasceu no Porto, no seio de uma família da alta burguesia de origem britânica…

AIRCRAFT 1/32 SCALE Hawker Tempest Mk.V from Revell, No. 03851, $63. 1/48 SCALE Tornado ASSTA 3.1 from Revell, No. 03849, $50.95. Includes new instrument panel, detailed undercarriage and jet exhaust cones, two Sidewinder guided missiles and two auxiliary fuel tanks. Junkers Ju188 A-2 Rächer from Revell, No. 03855, $63. Includes detailed cockpit with transparent parts, two engines, bombs and decal set for two Luftwaffe versions. Beaufighter Mk.IF Nightfighter from Revell, No. 03854, $50.95. Includes cockpit with consoles and instrument panel, separate rudder, and detailed Hercules engines. 1/72 SCALE F-16 MLU Tiger Meet 2018 31 Sqn. Kleine Brogel from Revell, No. 03860, $25. Includes detailed cockpit, wing tanks, detailed main undercarriage, super decal set including Tiger Meet design. Combat Set Messerschmitt Me 262 & P-51B Mustang from Revell, No. 03711, $16.75. Both fighters fitted with landing gear. Maverick’s F-14 Tomcat Top…

Francesco Ogliari, italiano de Crema, estudava teatro enquanto trabalhava à noite como cozinheiro em restaurantes. A primeira atividade trouxe-o a Évora, mas foi a segunda que acabaria por vingar e o levou de volta a Itália. Seguiu depois para Berlim, onde chegou a sub-chefe do Cookies Cream - um vegetariano, com 1 estrela Michelin - e de novo Portugal, país pelo qual se apaixonara. Veio primeiro para Lisboa, onde foi chefe do Santa Clara dos Cogumelos, dando ainda, posteriormente, uma ajuda na abertura do Vino Vero, na Graça, antes de decidir estabelecer-se em Évora, em 2019, e abrir o Tua Madre, com a sua mulher e sócia, Marisa Tiago, natural da cidade. Francesco e Marisa achavam que faltava “qualquer coisa de fresco” em Évora e sentiam que não havia o tipo…

José Peñin é um dos mais influentes críticos e ‘wine writers’ de Espanha, responsável pelo primeiro guia de vinhos do país irmão, o famoso Peñin, cuja primeira edição foi publicada em 1990. As Canárias, na latitude do Saara, o Chile, na latitude sul equivalente a Marrocos, ou algumas áreas semidesérticas australianas, são exemplos claros de mares frios. Os vinhos oceânicos são aqueles que, independentemente da sua maior ou menor proximidade à costa, são influenciados pelas correntes marítimas. Qualquer um pode deduzir que estamos a falar de climatologia agrícola e, portanto, do que isso implica para a videira implica. O mais curioso é que, no hemisfério sul, com exceção da Nova Zelândia, todas as áreas produtoras de vinho de qualidade são possíveis graças às correntes frias. Existem apenas duas correntes oceânicas temperadas…

‘Pilzwiderstandsfähig’ é a expressão alemã que significa “capaz de resistir a fungos”. Traduzida no acrónimo PIWI, nomeia o conjunto de variedades híbridas que apresentam elevada resistência a doenças fúngicas, possibilitando a importante redução do emprego de pesticidas. Estas variedades são já utilizadas na Europa Central ou de Leste e, recentemente, a UE decidiu no sentido da sua viabilização no cultivo e na elaboração de vinhos DOP, sendo no entanto necessárias autorizações nacionais e regionais para a sua disseminação. A evolução da videira resulta de um processo histórico, ainda em curso. Por exemplo, na Península Ibérica, os trabalhos desenvolvidos por Rosa Ayuso et al. demonstram que a Vitis vinífera sativa não será descendente nem originária de qualquer “matriz” oriunda do Cáucaso, antes se desenvolvendo e evoluindo naturalmente e de forma independente, a partir…

O Chryseia terá sido a maior pedrada contemporânea no charco do ainda muito recente historial dos DOC Douro. Mas, os anos cada vez mais secos e mais quentes podem ser inclementes. Até para ele… Alcançar finura em regiões quentes e em anos igualmente quentes não é nada fácil. Esse está a tornar-se num desafio recorrente para a Prats & Symington na elaboração do Chryseia, o vinho que desde a primeira edição, de 2000, rompeu o paradigma dos tintos do Douro de tanino portentoso e músculo ainda maior. Mais ou menos em surdina, muitos lhe criticaram a finesse das primeiras edições. Porém, com a passagem do tempo, tantos outros acabaram por o olhar como uma alternativa no entendimento do terroir. As distinções da “bíblia” norte-americana Wine Spectator – primeiro tinto português do “TOP…

A elevação do Vinho do Porto Branco aos diversos patamares de categorias especiais é recente, com cerca de 15 anos, tendo sido Álvaro van Zeller, enólogo e proprietário da empresa Barão de Vilar que liderou a Câmara de Provadores do Instituto do Vinho do Porto (IVDP) em dois períodos: de 1993 a 1996 e, depois, de 1998 a 1999, o grande responsável, entre 2004 e 2007, por esta definição nas categorias de brancos Reserva, Colheita e com Indicação de Idade: 10, 20, 30 e 40 ou mais anos E, com isto, os stocks das casas de Vinho do Porto viram-se subitamente valorizados, pelo potencial gerado e a perspectiva de novos produtos e mercados. Nem todos, atenção: curiosamente, alguns dos maiores operadores de Vinho do Porto, sobretudo as casas inglesas, não contam…

Para ver e ouvir O Grand Vin do Château Margaux tem uma produção média anual de 120.000 garrafas. O Pavillon Rouge du Château Margaux, o segundo vinho, representa 100.000 garrafas anuais, a que se juntam 10.000 do Pavillon Blanc. Desde a colheita de 1997 existe ainda um terceiro vinho, o Margaux du Château Margaux. Há algo que não se consegue explicar quando paramos diante do portão que dá acesso ao Château Margaux. Para quem sente o vinho de uma forma especial é o encontro com uma parte importante da história, não fosse este um ícone de Bordéus, um ícone do mundo. O soar do vento, as folhas que se espreguiçam pelo chão, as conversas que se entrecruzam de quem passa e diz-nos “Bonjour!”… Tudo parece em harmonia com o lugar, no lugar. Somos…

Chegados a 2018 e ao casal Kranemann, a Quinta do Convento entra numa nova fase. A paixão por história, arquitetura e vinhos, algo que se conjuga nesta propriedade, deu o mote para a revitalização do projeto, assente nas características diferenciadoras da quinta. O Vale do Távora sempre marcou um certo estilo dos vinhos do Douro e Porto. Ao longo dos seus 47 quilómetros, este rio, afluente do Douro, dita um perfil em que a elegância e a frescura, aportadas pela altitude, pelos solos de transição entre o xisto duriense e o granito, com afloramentos de quartzo e, em alguns locais, calhau rolado, asseguram uma componente mineral muito própria. Mas, ao mesmo tempo, atestam a capacidade de envelhecimento em garrafa e o potencial de evolução dos vinhos aí elaborados – o que…